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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Das pessoinhas que trago no coração³...


"Recentemente, a vida, tecelã de ternuras que é, preparou para mim uma das suas melhores surpresas: um amigo novo. Embora ela já tivesse me presenteado outras vezes da mesma maneira, recebi o presente com ares de primeira vez. Era mesmo, de certa forma. O encontro de duas pessoas é sempre inédito, único, não há outro idêntico. Cada afeição compartilhada tem uma cara que é só dela. Uma dinâmica que é só dela. Uma atmosfera toda peculiar. Uma música. Um jeito próprio de rir.

E o amigo novo chega na vida da gente e fica tão à vontade que tem hora que parece até amigo antigo, essa história do tempo do coração tantas vezes não ter nada a ver com o do calendário. É como se os vínculos de afeto já existissem no vasto território da alma, antes de acontecerem, de fato. A cada encontro com um novo amigo, eu me surpreendo outra vez: como não o conhecia se quando olho para ele é como se sempre estivesse aqui? Como ele ignorava a minha existência se, quando me olha sinto que sabe tanto sobre mim sem que eu tenha lhe contado?

Ao encontrar o amigo novo, senti o viço que se esparrama na alma toda vez que um afeto floresce, as folhas muito verdes, os galhos carregados de brotos de amor. Senti vontade de lhe mostrar os meus brinquedos e de conhecer os dele. Senti o entusiasmo de falar e de ouvir, mas também o descanso que há em não precisarmos de palavra alguma para nos compreendermos. Só a afinidade legítima é capaz do silêncio sem embaraço. Só ela permite uma outra maneira de fala. Um idioma que apenas o coração domina. Uma comunicação que acontece numa frequência diferente de toda lógica.

É no olhar, sobretudo, que a amizade se confirma. É no jeito de olhar que nos reconhecemos no primeiro momento, nós, amigos recentes de longas datas. Isso porque amigo tem esse olhar bom: ele nos olha como se realmente quisesse nos ver, sem nenhum outro interesse que não seja a oportunidade boa e rara de partilhar amizade. Ele nos vê e permanece ao nosso lado, esse conforto que palavra alguma é capaz de traduzir. Esse detalhe grandioso que faz toda a mágica acontecer, porque amar é também a arte de cuidar com os olhos.

Amigo novo é primavera reinaugurada, não importa qual seja a nossa estação. A sua chegada nos faz lembrar outra vez que, por mais que o tempo passe, o amor não perde essa antiga mania de continuar a florir."


[Rony, hoje todo o meu carinho é dedicado a vc.
Felicidades mil, pessoinha admirável!]

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